sábado, dezembro 22, 2012

Um ano

Sobreiro (Quercus suber L. ) - Herdade do Monte Curral (Piçarras, Castro Verde)

Faz hoje um ano que, a 22 de dezembro de 2011, o Parlamento português aprovou, por unanimidade, o Projeto de Resolução que instituiu o sobreiro como a Árvore Nacional de Portugal. Um processo que teve na sua génese a petição pública criada pelas associações Árvores de Portugal e Transumância e Natureza.


Na passada quarta-feira, na qualidade de presidente da Árvores de Portugal, tive ocasião de dar uma breve entrevista telefónica à Lusa, sobre esta efeméride. Questionado sobre os efeitos práticos desta classificação, respondi com sinceridade; um ano é pouco tempo, muito pouco, para aferir do real impacto desta medida e se a mesma servirá para alcançar os objetivos a que nos propusemos quando lançámos a referida petição.


Nos últimos meses, fruto da crise económica e financeira que atravessamos, muitas estruturas rodoviárias e alguns potenciais projetos de (suposto) interesse nacional (PIN), que implicariam o abate de milhares de sobreiros, foram adiados ou cancelados.


Resta saber se, no futuro, os responsáveis públicos entenderão que é imprescindível conciliar os investimentos, públicos ou privados, com o ordenamento do território e com a preservação da riqueza que os montados e demais povoamentos de sobreiro possuem nas suas diversas vertentes.

Os povoamentos de sobreiro sustentam a única indústria na qual o nosso país é líder a nível mundial e são a última barreira, em muitas regiões, contra o avanço da desertificação e os seus incalculáveis danos, a nível social, ambiental e económico.

A própria biodiversidade destes povoamentos pode servir de sustento a muitas atividades económicas, ainda não devidamente exploradas, incluindo o turismo sustentável. Longe, bem longe, têm que ficar, de uma vez por todas, os discursos sobre a alegada incompatibilidade entre desenvolvimento e proteção do ambiente, como se fosse possível haver verdadeiro progresso baseado na destruição da nossa riqueza natural.


Infelizmente, as recentes declarações do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, na qual acusava o ambiente de ser inimigo da política industrial europeia (mas qual política?!), não auguram nada de bom para o futuro. Há gente que não aprende nada...

(Texto publicado igualmente no blogue da Árvores de Portugal.)

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