domingo, setembro 30, 2012

Uma capital para as árvores?

Guimarães

Como é do conhecimento público, a cidade de Guimarães ostenta, no presente ano, o título de Capital Europeia da Cultura.

Dei comigo a pensar se faria sentido a existência de uma iniciativa, a uma escala menor e com menos recursos envolvidos, que pudesse celebrar a árvore no espaço europeu. Uma iniciativa que aliasse um programa cultural a um conjunto de conferências e seminários técnicos sobre o papel da árvore na cidade.
Uma iniciativa deste género poderia servir, igualmente, para premiar e divulgar as cidades europeias com melhores práticas no que concerne à criação de espaços verdes, arborização das ruas e sua manutenção.

Houve uma tentativa, em 2007, de criar uma iniciativa deste género, na cidade espanhola de Valência, por iniciativa da Asociación Española de Arboricultura, com o apoio do European Arboricultural Council.
Desconheço o sucesso desta iniciativa que, tanto quanto é do meu conhecimento, não teve continuidade.

Contudo, apesar deste aparente insucesso, acredito que uma iniciativa deste género, mesmo que enquadrada noutras já existentes (caso da European Green Capital), poderia contribuir para sublinhar o papel das árvores nas cidades e a importância da correta manutenção desse património natural e paisagístico.

(Texto publicado originalmente no blogue da Árvores de Portugal.)

sexta-feira, setembro 28, 2012

"A sombra verde" em Porto Alegre

Imagem: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Meu filho* do outro lado do Atlântico...


* Tipuana plantada, no passado dia 3 de setembro, na  Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre, no Brasil, e batizada com o nome de "A sombra verde". Uma história de amor às árvores une este modesto blogue à heróica luta dos moradores desta rua e da sua vitória sobre o betão. 
Longa vida à tipuana "A sombra verde" e a todas as demais árvores que fazem deste rio verde que serpenteia o casario de Porto Alegre, a rua mais bonita do mundo...


sexta-feira, setembro 14, 2012

Nova árvore na Gonçalo de Carvalho

A nova árvore foi plantada no mesmo local onde iniciaram
as manifestações em defesa das árvores em 2005.

Já foi plantada uma nova tipuana na Rua Gonçalo de Carvalho. Foi plantada no mesmo local da árvore cortada no dia 3 de setembro, o que motivou protestos de moradores e amigos das árvores.
Nossa sugestão é que a nova árvore seja chamada de "A Sombra Verde", nome do blog do professor português Pedro Nuno Teixeira Santos que chamou a Gonçalo de Carvalho de "A Rua Mais Bonita do Mundo".


Coleta de assinaturas, em 2005, ao lado da árvore que foi cortada no dia 3 de setembro

A antiga árvore era simbólica para os defensores do Túnel Verde, junto a ela foram coletadas assinaturas em apoio do Movimento em Defesa da Rua, muitas reuniões da criada Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência foram feitas junto a ela.


Do blogue: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

quarta-feira, setembro 05, 2012

Atualizada legislação que rege a classificação de árvores

Casuarina (Casuarina cunninghamiana Miq.) situada junto ao cais fluvial de Alcoutim, classificada desde 1999

Transcrevo, de seguida, o texto que escrevi no blogue da Árvores de Portugal sobre a alteração da legislação que rege a classificação de árvores:


"Foi aprovado, e publicado em Diário da República, o regime jurídico da classificação de arvoredo de interesse público, Lei n.º 53/2012 de 5 de setembro, o qual revoga o Decreto-Lei n.º 28 468, de 15 de fevereiro de 1938.
Como pontos positivos desta nova legislação, destacamos a possibilidade de os municípios poderem aprovar regimes próprios de classificação de arvoredo de interesse municipal. De igual modo, parece-nos importante a atualização das coimas, nos casos de danos infligidos ao arvoredo de interesse público, bem como, em simultâneo com a coima, poderem ser aplicadas outras sanções acessórias. Positiva é, igualmente, a possibilidade do pedido de classificação poder ser feito, em formato eletrónico, através de um formulário a disponibilizar na página na Internet do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P.
Aquando da discussão do Projeto de Lei n.º 174/XII/1.ª, que culminou na supracitada aprovação da Lei n.º 53/2012, a Árvores de Portugal foi convidada a pronunciar-se sobre o mesmo. Segue a reprodução da opinião expressa na altura, por escrito, à Comissão de Agricultura e Mar:
A associação Árvores de Portugal vê como positiva a aprovação do Projeto de Lei n.º 174/XII/1.ª, relativo ao Regime Jurídico da Classificação de Arvoredo de Interesse Público, pelos motivos a seguir apresentados:
- Mantém a classificação de espécimes isolados e de conjuntos arbóreos, atribuindo-lhes um estatuto semelhante ao que existe atualmente para o património construído e histórico.
- Mantém, tal como referido no Artigo 2º, motivos de ordem cultural ou paisagística, entre outros, como justificativos para a classificação de arvoredos, não se limitando a características quantificáveis, como o porte ou a idade da árvore.
- Propõe a simplificação do processo de classificação, através da criação de um formulário eletrónico com essa finalidade, tal como referido no ponto 3 do Artigo 3º.
- Define uma zona de proteção de 50 metros (ponto 7 do Artigo 3º) e aclara, no Artigo 4º, as restrições ao nível das intervenções que podem danificar este património natural. Parece-nos particularmente importante o ponto 3 do referido artigo, onde se menciona o apoio técnico a prestar pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., sempre que se julgue necessário intervir sobre as árvores em questão.
- Consideramos como aspeto mais inovador e positivo das alterações propostas pelo PJL nº 174/XII/1ª, o referido no ponto 8 do Artigo 3º, onde se menciona a possibilidade de poderem ser criados regimes de classificação de arvoredo de âmbito municipal.
- Por último, atualiza os valores das coimas a aplicar no caso de contraordenações.

Em jeito de conclusão, e apesar de estarmos cientes não ser esse o propósito do que irá ser discutido na referida audição parlamentar, gostaríamos de sublinhar que, para a associação Árvores de Portugal é essencial o reforço de meios humanos, dentro da estrutura e da orgânica do futuro Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, como forma de garantir uma correta salvaguarda do riquíssimo património natural, cultural e paisagístico constituído pelas árvores de interesse público.
Recordamos que no âmbito da orgânica da Autoridade Florestal Nacional essa incumbência estava atribuída a um único técnico nos serviços centrais que, entre outras tarefas, tinha que visitar e avaliar o estado fitossanitário, de forma periódica, das centenas de árvores classificadas em todo o país. Também ao nível das delegações regionais será necessário clarificar quais os técnicos que ficarão com o encargo de avaliar as árvores propostas para classificação e com o dever de proceder ao apoio técnico, sempre que solicitado pelos proprietários de árvores classificadas."

terça-feira, setembro 04, 2012

Abatida árvore símbolo da Gonçalo de Carvalho


15 de outubro de 2005
Início das manifestações públicas em Defesa das árvores e do
Túnel Verde da Rua Gonçalo de Carvalho
15 de outubro de 2006
5 de junho de 2011
3 de setembro de 2012
"Um dos mais antigos moradores da Rua Gonçalo de Carvalho (à direita da foto) observa com pesar a antiga árvore sendo cortada com motosserras."

3 de setembro de 2012
3 de setembro de 2012
3 de setembro de 2012

"Já faz muito tempo que tanto a AMABI como os Amigos da Gonçalo avisavam a SMAM que a árvore que agora será "removida" apresentava problemas, tinha um ôco e um grupo de adolescentes que se reuniam na rua, chamados "Emos", só faziam piorar pois colocavam fogo no ôco da árvore (vídeo da RBS TV aqui: Gonçalo de Carvalho nas quintas-feiras). Providências foram pedidas à SMAM que é quem tem a obrigação de fazer a manutenção e manejo das árvores, isso está bem claro no próprio decreto do executivo que declarou a rua como Patrimônio Cultural, Histórico, Ecológico e Ambiental da cidade. Foram feitos telefonemas, enviados e-mails e pedidos sempre que alguém da SMAM era identificado por nós. Agora vem a solução da SMAM, nada mais pode ser feito para salvar a árvore, ela terá que ser "removida". Claro que ninguém quer ver a árvore cair, especialmente em cima de pessoas que circulam pelo local, mas será que não teria sido possível tratar a árvore se a SMAM tivesse feito sua obrigação em tempo hábil?

Será muito triste ver a árvore onde iniciamos a mobilização pela preservação do Túnel Verde da Gonçalo de Carvalho ser removida (...)"

Fotos e texto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

segunda-feira, setembro 03, 2012

Uma árvore basta…

Belmonte

Pode soar estranho ouvir, vindo de quem gosta e tem por hábito defender as árvores, a afirmação de que em Portugal se plantam demasiadas árvores em ambiente urbano. Porém, em certos casos, assim é, plantando-se árvores de grande porte onde não há espaço sequer para um pequeno arbusto.


A escolha das espécies a plantar, do número de espécimes ou do espaçamento entre estes, poucas vezes é feito com um mínimo de planeamento, antevendo o que sucederá no futuro, quando as árvores se tornarem adultas. Resolve-se, mal, a posteriori, com as malfadadas podas.

Em certos casos, como no desta pequena praça no centro histórico de Belmonte, basta uma árvore para encher todo o espaço, dando-lhe vida, humanizando-o e realçando o que de melhor tem a nossa arquitetura popular. Se bem escolhida, uma árvore basta…

(Mais imagens no blogue da Árvores de Portugal).