quinta-feira, julho 16, 2009

Reflexões sobre o seminário "Árvores Monumentais - Importância e Conservação" (II)


O primeiro dia do seminário "Árvores Monumentais - Importância e Conservação" ficou completo com uma palestra de Ted Green e Jill Butler, do Ancient Tree Forum, sobre a importância da árvore na paisagem e na cultura britânica e, de um modo geral, em toda a paisagem e cultura europeia.

A palestra do Ted e da Jill
não foi centrada na monumentalidade da árvore em si ou na importância destas como elementos ornamentais, nomeadamente nas cidades, mas antes na relação ancestral entre as árvores e os seres humanos.
Deste modo, a estes investigadores britânicos interessa, sobretudo, mais do que o valor de uma árvore por si só, o valor da paisagem e do sistema (agrícola, florestal, ...) no qual essa árvore está inserida.

Para Ted Green e Jill Butler são partic
ularmente importantes os montados de Quercus da Península Ibérica, pela biodiversidade que suportam e, sobretudo, porque os mesmos se têm revelado sustentáveis ao longo do tempo.
Para eles, a palavra-chave é mesmo "sustentabilidade" pois, no seu entender, este é o único motivo que poderá demover os políticos europeus a adoptar leis que financiem e suportem a preservação deste tipo de paisagens, baseadas na co-existência entre as árvores e as actividades humanas a elas associadas, como a agricultura ou a pastorícia.

Para concluir, posso afirmar que a palestra destes investigadores britânicos ajudou a reflectir sobre a importância das "árvores de produção", como os sobreiros dos nossos montados ou os castanheiros dos nossos soutos.

Velho castanheiro (Castanea sativa Mill.) - Sabugal

A palestra do Ted e da Jill ajudou a compreender a enorme importância de muitas destas "árvores de produção", sobretudo dos exemplares com centenas de anos, pela biodiversidade que encerram em si (líquenes, fungos, insectos e outros invertebrados, pequenos vertebrados, etc.) e pela sua importância cultural para as comunidades onde estão inseridas.

Compreender essa importância é ver a sua beleza...Para quem gosta de árvores, é tão fácil emocionar-se com o porte imaculado de um plátano monumental no parque de uma cidade, como com um velho castanheiro, de 200 ou 300 anos, num qualquer campo ou souto.





Este primeiro dia de palestras deveria ter concluído com uma intervenção do Paulo Araújo, um dos autores do "Dias com árvores" e que, recentemente, editou o livro "A Árvore de Natal do Senhor Ministro".

Insisti com o Paulo para que estivesse presente no Sabugal e para que fizesse uma pequena apresentação do seu mais recente livro. Este deveria ter sido o tema da sua palestra.

Tal não foi possível por um erro lamentável da organização. Poderia argumentar que a culpa não foi directamente minha mas, sinceramente, não faz o meu feitio.
Faço parte da Árvores de Portugal que co-organizou esta iniciativa e incentivei o Paulo a ir ao Sabugal. Logo, sou responsável, pelo menos em parte, pelo que aconteceu.

Apesar das desculpas se evitarem, tal não invalida o dever de as apresentarmos quando tal se justifica. Pedi desculpa ao Paulo na altura e volto a pedi-las, novamente, ao escrever este texto.




[Nos próximos dias irei concluir o relato do seminário "Árvores Monumentais - Importância e Conservação", nomeadamente sobre a saída de campo do segundo dia].



2 comentários:

Paulo Araújo disse...

Obrigado, Pedro. Desculpas mais do que aceites, como já te tinha dito no Sabugal. Não esperava é que trouxesses o assunto a público (eu já me tinha referido a ele no Dias com Árvores, mas só quem lá esteve poderá ter percebido a alusão).

Mas o que importa é que o encontro no Sabugal representou um grande sucesso organizativo, tanto pela qualidade das palestras e pelo memorável passeio como pelo número de pessoas presentes.

P.S. Este é (no mínimo) o terceiro blogue onde aparecem fotos desse castanheiro. A fama já ninguém lhe tira.

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Bom dia Paulo,

Obrigado pelo teu comentário e palavras.
De facto, passados que estão 15 dias, hesitei em falar do assunto. Mas fingir que as coisas não aconteceram é meio caminho andado para que situações similares ocorram no futuro.

Uma vez mais, obrigado pela tua compreensão.

Um abraço.

P.S.- E também está no Flickr!