sábado, maio 30, 2009

Os choupos



Está a finalizar a época do ano em que algumas espécies de choupos, particularmente o híbrido Populus x canadensis Moench, libertam a substância sedosa, semelhante a algodão, que serve de suporte à propagação das sementes.


Escusado será dizer que começa a época em que me desdobro na sua defesa, dentro da minha escola, e em vários textos e comentários que vou deixando neste e noutros blogues.

Em relação aos choupos da minha escola estou mesmo ciente que se não fosse por receio ao que eu poderia fazer, já os teriam cortado. Mas será que isto resolveria o crescente problema das alergias? Serão estes choupos os "maus da fita" e eliminados das nossas cidades, desapareceriam os problemas respiratórios característicos desta altura do ano? A resposta é, claramente, não!

Sim, é certo que estes filamentos dos choupos podem causar problemas quando em grande quantidade. Cito a alergologista Maria da Graça Castel-Branco, em declarações ao "Jornal de Notícias": "(...)têm um efeito irritativo quando entram em contacto com os olhos, a boca e o nariz, provocando comichão na face e nos olhos e irritação nasal."

No entanto, sabemos que a libertação destes filamentos dos choupos coincide com o período de libertação de pólen por parte de centenas de espécies, incluindo as gramíneas. E eis o que diz novamente a alergologista Maria da Graça Castel-Branco: "Entre Março e Maio (...) é o período em que maiores quantidades dessas substâncias (dos choupos) estão no ar, salientando, porém, que é o pólen das gramíneas (ervas selvagens), mais agressivo, o responsável pela maior parte das alergias em Portugal."

Está visto que abater milhares de choupos não resolveria o problema e erradicar as gramíneas é impossível por vários motivos, incluindo o facto das gramíneas não incluírem apenas "ervas selvagens" mas também as plantas que são a base da nossa alimentação, como o trigo, o centeio ou o milho, por exemplo.

Mas se o verdadeiro problema estivesse no pólen, ou em qualquer outra substância libertada pelas plantas, há muito que as populações rurais teriam fugido dos campos e da orla das florestas para se refugiarem nas cidades!

Sabemos bem que o que provoca o êxodo das populações rurais para as cidades é tudo menos a fuga ao pólen e às alergias. Sabemos que é nas cidades, precisamente pela menor qualidade do ar, que são mais frequentes as doenças do foro respiratório.

Nas cidades, as árvores são o nosso melhor aliado contra essa poluição, a principal responsável pelos crescentes problemas de alergias entre as populações urbanas.
Relembro as palavras de Ana Todo Bom, presidente cessante da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, ao "Diário de Coimbra" (notícia de Maio de 2007) e onde a mesma comprovava que as causas das alergias não estavam apenas na libertação de pólen, frutos e sementes pelas plantas mas que, apesar de se assistir a um aumento das reacções alérgicas, era "a poluição resultante do tráfego automóvel que exponenciava" este mesmo efeito alérgico.

Resumindo: cortar árvores não resolve o problema, apenas o agrava. Evidentemente que, de futuro, se deverão evitar plantar nas cidades espécies que libertem pólen, ou outras substâncias, com elevada alerginicidade.

Mas não contem comigo para assinar por baixo em favor de uma campanha arboricida para abater todos os choupos deste país. Até porque se quiséssemos abater todas as árvores que, potencialmente, podem provocar alergias, teríamos que alargar a lista, de acordo com a avaliação feita pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia, aos áceres, bétulas, ciprestes, carvalhos (inclui azinheiras e sobreiros), castanheiros-da-índia, nogueiras, oliveiras, pinheiros, cedros, plátanos, teixos, tílias, ulmeiros e salgueiros.

Ficaríamos com um deserto nas cidades e, ironicamente, mais susceptíveis à poluição automóvel, ou seja, mais susceptíveis a padecer de alergias e outros problemas de saúde.

É isto que pretendemos, embarcar numa espécie de "caça às bruxas" na forma de árvores, abatendo tudo o que liberte pólen ou outras substâncias para a atmosfera? E os pobres coitados que vivem no campo?! Terão que vir morar para as cidades?
E os índios que persistem em tentar sobreviver na imensidão da floresta Amazónica, conhecerão eles os perigos do pólen que os rodeia por todo o lado? Ou deveremos ensinar-lhes os benefícios do Zyrtec?!


Haja bom senso...Andem mais a pé, aumentem os espaços verdes nas cidades e deixem os choupos morrer de velhos!*



* Curiosamente, estes choupos híbridos, apesar do seu rápido crescimento que os tornou populares, são árvores com uma longevidade muito reduzida.

terça-feira, maio 26, 2009

Invasoras em livro



"Guia Prático para a Identificação de Plantas Invasoras de Portugal Continental" - De leitura obrigatória, o guia editado pela Universidade de Coimbra, da autoria de Elizabete Marchante, Helena Freitas e Hélia Marchante, sobre plantas invasoras no nosso país.

A equipa do projecto INVADER possui, adicionalmente a este livro, um conjunto de materiais pedagógicos para divulgação deste problema, especificamente elaborados a pensar nas escolas do ensino básico.
Para quem duvida da importância das escolas na luta contra este problema, pode (re)ler esta notícia do jornal "Público", sobre a recente acção do clube de ciências da Escola Secundária Dr. Manuel Candeias Gonçalves, em Odemira.

Para mais informações e pedido de materiais para uso escolar, não hesitem em contactar: invader(at)ci.uc.pt


quinta-feira, maio 21, 2009

Ruído na paisagem




(Pudesse a realidade ser corrigida com a facilidade de um programa de tratamento de imagem, limpando o "ruído" de um urbanismo desastroso e centrando a nossa atenção no essencial).


terça-feira, maio 19, 2009

terça-feira, maio 12, 2009

Árvores de Portugal - O início de uma aventura (II)


A "Árvores de Portugal" não nasceu contra ninguém, mesmo contra os que insistem em maltratar as árvores. Nasceu a favor das árvores e dos que as protegem.

A nossa acção procurará ser sempre pedagógica, valorizando aspectos e exemplos positivos de defesa e valorização da árvore. Mas desenganem-se os que vislumbram aqui uma menor vontade de denunciar os atropelos cometidos contra as mesmas no nosso país.

O nascimento desta associação surge na sequência de se ter constatado que a Sociedade Portuguesa de Arboricultura (SPA) chegou, infelizmente, ao fim do seu trajecto.

Tal não significa que nos assumamos como herdeiros da SPA ou que queiramos prosseguir o trabalho que esta vinha desempenhando, nos exactos moldes. Significa apenas que, tendo-se constatado da inviabilidade de desenvolver certos projectos no seio da SPA, não restava outra alternativa senão criar uma nova estrutura de defesa do património arbóreo nacional.



Desta forma, concluiu-se que é necessário existir uma voz própria de defesa da árvore, não apenas do seu papel na cidade, mas também da sua importância no equilíbrio de diversos tipos de ecossistemas naturais.

Tal constatação não invalida o reconhecimento do valoroso papel que muitas associações ambientalistas têm desempenhado nesta tarefa.
E refiro-me não apenas a associações de âmbito nacional, como a Quercus, mas também a organizações de âmbito regional. Cito apenas 3 exemplos:

- Os Amigos da Serra da Estrela e a campanha "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela";
- A Almargem e o seu trabalho "Vamos conhecer as árvores monumentais do concelho de Loulé";
- A Associação Transumância e Natureza e o concurso "Em busca da maior árvore" do distrito da Guarda.


Servem estes exemplos para sublinhar que o surgimento de uma associação específica para proteger a árvore, não significa que queiramos o exclusivo da sua defesa.

Pelo contrário, procuraremos trabalhar em conjunto com todas as organizações que partilhem connosco os objectivos enunciados de promoção e defesa do património arbóreo de Portugal.

Esta vontade de trabalhar em parceria estende-se às associações existentes, bem como a outras que possam surgir entretanto, como a já anunciada Associação Portuguesa de Arboricultura Moderna.


Esta é uma tarefa que precisa da ajuda de todos. É altura de dar a cara...


sábado, maio 09, 2009

Árvores de Portugal - O início de uma aventura...




Árvores de Portugal. Este é o nome de uma associação que acabou de nascer, resultado do amor que um grupo de amigos, um grupo de homens e mulheres de bom coração, nutre pelas árvores.

Para além do amor à árvore, une-nos o desinteresse em utilizar este sentimento, e este projecto que agora se inicia, como forma de promoção pessoal.

Muito haverá a dizer nos próximos tempos sobre esta associação. Fica, de momento, uma breve apresentação e a divulgação do seminário "Árvores Monumentais - Importância e Conservação".

Este seminário será a nossa primeira iniciativa pública e terá lugar no Sabugal, nos próximos dias 25 e 26 de Junho. Obrigado.


"A Associação Árvores de Portugal é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, criada no corrente ano, no nosso país.


Os nossos principais objectivos são a protecção e a dignificação da árvore. No caso das árvores ornamentais, em contexto urbano, pretendemos promover a divulgação de metodologias correctas para a sua manutenção.

Em relação às árvores monumentais, será criado um catálogo nacional que servirá de base para acções que visem divulgar e proteger este riquíssimo património.


Adicionalmente, iremos pugnar pela salvaguarda do património arbóreo nacional em sentido mais abrangente, nomeadamente dos últimos bosques com dominância de espécies autóctones, montados de sobreiro e de outras quercíneas e de olivais centenários.

Neste particular, pretendemos estar atentos e denunciar, dentro dos limites legalmente estabelecidos, situações onde o suposto interesse público possa servir de justificativo para atentados ao património arbóreo de Portugal.

De carácter não menos importante, pretende ser a nossa acção pedagógica, junto dos portugueses e portuguesas de todas as idades, visando promover a reaproximação das pessoas à Árvore.

A criação deste laço afectivo, entre as pessoas e as árvores, será um dos nossos principais desideratos, procurando envolver a sociedade civil, nos seus diversos graus etários, nos vários projectos que realizaremos.


No seguimento dos objectivos enunciados, a primeira actividade pública que iremos levar a cabo será a organização de um seminário, sob o título de “Árvores Monumentais – Importância e Conservação”, o qual irá decorrer no Sabugal, nos próximos dias 25 e 26 de Junho, de acordo com a programação:


QUINTA-FEIRA, 25 DE JUNHO

13h30 - Recepção dos participantes no evento.

14h00 - Sessão de abertura - Saudação de boas vindas aos participantes pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal do Sabugal.

14h15 - "Castanheiros Notáveis do Concelho do Sabugal" por Laura Alves (Câmara Municipal do Sabugal) e Serafim Riem (Planeta das Árvores).

"Árvores Monumentais do Algarve e Baixo Alentejo" por Miguel Rodrigues (Associação Árvores de Portugal) e Pedro Teixeira Santos (Associação Árvores de Portugal).

- "TEMA A DEFINIR" (Autoridade Florestal Nacional).

15h30 - "Leyendas Vivas de los Bosques Españoles" por Susana Domínguez Lerena (Proyecto Árboles Leyendas Vivas).

16h30 - Intervalo/Pausa para café.

16h45 - "Monumental Trees" por Ted Green e Jill Butler (The Woodland Trust).

19h00 - Encerramento dos trabalhos do dia.


SEXTA-FEIRA, 26 DE JUNHO

09h00 - Saída de campo para visita, durante o período matinal, a castanheiros notáveis do concelho do Sabugal. No decurso da visita, será realizada uma oficina prática sobre metodologias de medição de árvores."



NOTA IMPORTANTE:

Para mais informações sobre este seminário, por favor contactar:

Nélia Vasco, tel: 271 75 10 42
Laura Alves, tel: 96 10 13 552
Fax: 271 753 408

Ficha de inscrição (aqui).





P.S. - A Árvores de Portugal irá dispor brevemente de uma página na internet. Entretanto, qualquer questão deverá ser endereçada para:

Associação Árvores de Portugal
Rua Alexandre Herculano, n.º 371 4º Andar Dtº
4 000-055 Porto
Tel:22 200 24 72 Fax:22 208 74 55

E-mail: arvoresdeportugal(at)gmail.com

Coisas d'Árvores

Coisas d'Árvores - Ciclo de conferências sobre a árvore (organização da Câmara Municipal de Sintra).

Notícia do blogue Sintra, acerca de.


P.S. - É apenas de lamentar que a Câmara de Sintra não adeque a teoria à prática.