segunda-feira, junho 30, 2008

Perdidos em busca de uma azinheira

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.) - nas imediações do Monte das Pias, junto ao Pulo do Lobo (Mértola)


Encontrar uma azinheira no Alentejo, não possuindo informações muito precisas, pode ser uma experiência semelhante à de encontrar uma agulha num palheiro.

Foi essa a sensação vivida em Setembro passado, para encontrar a azinheira do Monte Barbeiro, no concelho de Mértola.
Curiosamente, voltámos a sentir algo semelhante há cerca de um mês, para encontrar uma outra azinheira monumental, situada igualmente no concelho de Mértola.

Desta vez, o objectivo era localizar a azinheira classificada da Herdade das Pias, situada entre Amendoeira da Serra e o Monte das Pias, bem perto do Pulo do Lobo (famoso troço do rio Guadiana).

Apesar das informações recolhidas no Turismo de Mértola e junto de alguns naturais da aldeia de Amendoeira da Serra, os dados que obtivemos sobre a localização da referida árvore não foram tão precisos quanto era desejado.

E após uma hora a percorrer o terreno que mais nos pareceu corresponder à descrição que nos tinha sido dada, a única azinheira digna de registo que encontrámos foi o exemplar retratado na imagem acima.

Trata-se de uma azinheira com dimensões acima da média, mas poderá ser esta a árvore com 500 anos de idade e classificada há 10 anos? Tendo em conta o estado de degradação da árvore, o nosso sincero desejo é que estejamos enganados!

Apesar de estarmos a efectuar alguns contactos com vista a confirmar se esta é a referida azinheira classificada, aceitamos de bom grado o auxílio de algum leitor que conheça esta árvore.

Para além da fotografia anterior, deixo ainda uma ligação para uma imagem do Wikimapia, para auxiliar na localização desta azinheira (nota: repare-se que nesta imagem de satélite, a árvore apresentava ainda uma copa relativamente compacta).

quinta-feira, junho 26, 2008

Um desejo

Oak Tree, Snowstorm (1948) - fotografia de Ansel Adams retirada de The Ansel Adams Gallery


Quando for grande quero ser uma árvore!


P.S. - Desejos de Natal...

El Olivo Santo de El Rocío (revisitado)

Zambujeiro [Olea europaea L. subsp. europaea var. sylvestris (Miller) Lehr.] - El Rocío (Huelva, Espanha)

O zambujeiro [Olea europaea L. subsp. europaea var. sylvestris (Miller) Lehr.] retratado nestas imagens é o maior exemplar de um conjunto de outras árvores da mesma espécie, situadas na povoação andaluza de El Rocío, as quais foram classificados como Monumento Natural pela Junta da Andaluzia.

Ao exemplar destas imagens, conhecido como El Olivo Santo, está associada uma lenda que podem conhecer (ou relembrar), consultando este texto de Novembro passado.


Zambujeiro [Olea europaea L. subsp. europaea var. sylvestris (Miller) Lehr.] - El Rocío (Huelva, Espanha)

sábado, junho 21, 2008

Até já

PN de Doñana, El Acebuche (Huelva)


A sombra regressa após as reuniões de avaliação, no final da próxima semana.

quinta-feira, junho 19, 2008

segunda-feira, junho 16, 2008

Abates silenciosos

Em silêncio e sem justificações públicas:

1º) Continua o abate de árvores em Loulé! A propósito deste caso, há silêncios que incomodam e muito; um deles é o da Almargem, a maior associação ambientalista do Algarve, com sede nesta cidade algarvia.
(Nota: Caso exista algum comunicado público da Almargem a questionar a Câmara Municipal de Loulé, acerca dos motivos que fundamentam o abate de árvores em várias partes da cidade, peço publicamente as minhas desculpas à referida associação ambientalista).


2º) Um conjunto de sobreiros foi decepado em Leiria, aparentemente sem motivo conhecido que possa "justificar" este acto de terrorismo arbóreo.

Sobre os jardins da Covilhã

Estudo prévio para Jardim Botânico no Parque Alexandre Aibéo - Imagem digitalizada a partir do Boletim da Câmara Municipal da Covilhã, n.º 16 - Abril de 2008

1º) O projecto para a reconversão (evito, propositadamente, utilizar o termo "requalificação") do Parque Alexandre Aibéo, na Covilhã, parece avançar. Como aqui escrevi em Outubro de 2006, o projecto de autoria do arquitecto Luís Cabral, autor do Jardim do Lago, pretende criar um Jardim Botânico com espécies autóctones da Serra da Estrela.

Elogio o avanço desta obra, na certeza que a mesma respeitará o património arbóreo aí existente, sobretudo pelo importante papel educativo que a mesma poderá desempenhar, ajudando os covilhanenses a reconciliar-se com a Serra da Estrela. Só se ama o que se conhece...

Jardim do Lago, Covilhã


2º) Por outro lado, avançam as obras do Parque da Goldra, projecto integrado no Programa Polis. Este parque, projectado por uma equipa liderada pelo arquitecto José Oliveira, irá ocupar uma área de 5 hectares ao longo da ribeira da Goldra, o que fará dele a maior zona verde da cidade.

Parque da Goldra, Covilhã

Parque da Goldra, Covilhã (Nota: no centro da imagem, por detrás dos 5 mamarrachos de cor creme, é visível uma das maiores pseudotsugas da Covilhã)

As minhas palavras, no presente, só podem ser de elogio para estas obras. No entanto, preocupa-me o futuro destes jardins, pegando no exemplo do Jardim do Lago que denunciei neste texto.

Recupero as palavras que o Paulo Araújo escreveu há tempos aqui na "sombra verde": "Há a inauguração com sorrisos, presença de ministros, presidentes de câmara, empresas patrocinadoras e reportagens na televisão e nos jornais. Mas há depois o dia seguinte, que já não beneficia da mesma publicidade e de que só tomam consciência os habitantes locais mais atentos e menos desmemoriados. E o dia seguinte é o resultado do mau planeamento (tantas vezes com assinatura famosa) e da má gestão (em Portugal, é triste reconhecê-lo, quase não há jardineiros, mas tão só empresas de manutenção de espaços verdes estereotipados e sem diversidade)".

Dito por outras palavras, terá a Câmara da Covilhã, depois dos milhares de euros dos contribuintes investidos nestas obras, capacidade para fazer a sua correcta manutenção?

Peguemos num exemplo concreto: há cerca de dois anos, foi aberto concurso para a poda de centenas de árvores na cidade da Covilhã. O "preço" proposto foi considerado o factor determinante na escolha da empresa para realizar essa tarefa.
O resultado foi que a empresa vencedora foi uma empresa local sem qualquer especialização na poda de árvores ornamentais. A consequência prática desta decisão tem sido a mutilação de centenas de árvores, como por diversas ocasiões aqui denunciei. O que significa que o dinheiro "poupado" na referida decisão, terá que ser gasto daqui a uns anos para substituir muitas destas árvores.


Com este exemplo não terão os covilhanenses motivos de sobra para temer pela gestão futura destes novos jardins da cidade?


3º) No entanto, e apesar de toda esta situação, a acreditar num inquérito online do "Jornal do Fundão", citado pelo Boletim da Câmara Municipal da Covilhã, n.º 16 - Abril de 2008, a Covilhã foi considerada a cidade da Beira Interior com melhor oferta de espaços verdes.

Levando em linha de conta, que o problema das "podas camarárias" é, em maior ou menor grau, comum à esmagadora maioria dos municípios portugueses, e mesmo tendo em conta o pouco rigor dos "inquéritos online", não deixa de ser uma notícia surpreendente.

O que significa que, talvez mais importante do que ter espaços verdes bem geridos, seja criar junto da opinião pública, essa mesma ilusão...

domingo, junho 15, 2008

A solidão da árvore sozinha



Breve Sonata em Sol [UM] (Menor, Claro)

A solidão da árvore sozinha
no campo do verão alentejano
é só mais solitária do que a minha
e teima ali na terra todo o ano
quando nem chuva ou vento já lhe fazem companhia
e o calor é tão triste como o é somente a alegria
Eu passo e passo muito mais que o próprio dia.

Ruy Belo


P.S- Um poema do tamanho da solidão. Um poema que agradeço à Rosa.

sábado, junho 14, 2008

Festival de árvores # 24

  Velha azinheira nas proximidades do Pulo do Lobo - rio Guadiana

- Festival de árvores n.º 24

- Cientistas israelitas fizeram germinar sementes de tamareira (Phoenix dactylifera L.) com 2 000 anos - elmundo.es

- A Quercus, a Câmara Municipal de Águeda e a empresa Silvicaima assinaram no passado dia 11 de Junho, um protocolo de cooperação que visa desenvolver, em Belazaima do Chão, o projecto Cabeço Santo - Conheçam o blogue do projecto.

quinta-feira, junho 12, 2008

Ainda o corte de árvores em Tomar

Azinheira (Quercus rotundifolia Lam.) -Estrada Serpa/Vila Verde de Ficalho - fotografia de Miguel Rodrigues

- Ainda o corte de árvores na EN 110, em Tomar. A Estradas de Portugal, louve-se a atitude, dignou-se a prestar alguns esclarecimentos sobre esta situação, para... Pois bem, para responsabilizar outra empresa do Estado, a Refer.
Com um bocadinho de imaginação, a Estradas de Portugal ainda conseguirá arranjar motivos suficientes para cortar todas as árvores que ladeiam as estradas deste país, evitando o "aborrecimento" de se responsabilizar pela respectiva manutenção.

- Prosseguindo a "moda" de plantar árvores para "salvar o mundo", a General Motors convida as pessoas a calcular a sua "pegada de carbono".

P.S. - Uma vez que se aproxima o final de um período lectivo, com todas as obrigações profissionais que tal acarreta, será natural que o ritmo de publicação abrande nos próximos dias.

Retratos do Portugal que odeia as árvores (XVI)





O amigo Albano Matos enviou-me um conjunto de imagens que me "obrigaram" a retomar a triste série de "retratos"...

A primeira imagem é da Anadia, a segunda da Curia e a última do Instituto Gulbenkian de Ciências, em Oeiras.

Duas notas breves acerca de duas das imagens:

- na segunda imagem, note-se que finalmente alguém parece ter encontrado uma "utilidade" para os cepos a que alguns ainda chamam árvores;

- sobre a última imagem, não posso deixar de lamentar que uma instituição tão respeitada como o Instituto Gulbenkian de Ciências, não tenha outro tipo de atitudes no que concerne à manutenção das árvores dos seus jardins.

terça-feira, junho 10, 2008

Nós

As quinas por entre as agulhas da pseudotsuga


Portugal. Não chega a ser um país,
é um sussurro traçado a sulcos
no xisto ardente à beira rio.

Portugal. Não chega a ser um povo,
é um somatório de ilusões
na espuma efémera da praia.

Não chega a ser alegria.
É suor e alguma obstinação.

Não chega a ser dor.
É uma tristeza dolente a que se chama saudade.

Desapontado






Neste último ano que passou, com a excepção desta nogueira, a pequena "maternidade de árvores" da minha varanda, não me tem dado grandes alegrias.

O azevinho, que há dois meses atrás exibia uma pujança (aparentemente) inabalável, definha agora em marcha acelerada, restando-lhe apenas as folhas murchas visíveis na primeira imagem.
O carvalho-alvarinho, de tão preguiçoso, nem chegou a acordar do sono invernal...

Por último, nenhuma das avelãs e bagas de azevinho que espalhei por vários vasos, dá sinais de querer germinar. Perdi o talento!

Salvem-se as "maternidades" plenas de vida, como o carvalhal do José.

segunda-feira, junho 09, 2008

Como são "bonitas" as nossas ruas e jardins






Estas são imagens da vila do Gerês, porta de entrada do nosso único Parque Nacional. Na forma como a árvore é tratada no espaço público, nada a distingue das demais...

domingo, junho 08, 2008

Um jardim digno da nossa pequenez

"Por iniciativa de japoneses amigos de Portugal, com a ajuda dos respectivos diplomatas, criou-se em Lisboa um "jardim japonês" feito de cerejeiras vindas daquele país.
Foi há dois ou três anos. Ali à beira Tejo, junto dos restos da antiga Exposição do Mundo Português, perto de um farol, foi instalado um jardim feito de estranhos mas bonitos montículos de terra semeada de erva.
No cimo dos montículos, foram plantadas cerejeiras, árvores especialmente cultivadas no Japão. Cada árvore foi plantada com todo o cuidado, amarrada a uma estaca, regada e tratada.
Na altura, fiquei radiante. E tentei antever a beleza que seria aquelas árvores todas em flor! Estava tudo perfeito. A atenção ao pormenor era de rigor.

O melhor de Portugal associou-se a este empreendimento: governo, câmara, administração portuária, instituições públicas, as mais importantes fundações do país, as maiores empresas portuguesas e algumas das mais conhecidas empresas japonesas.
Há três anos que espero que as árvores cresçam e apareçam as primeiras flores e cerejas. Nada! Nenhuma cresce. De um total de cerca de 400 árvores, só três mostraram meia dúzia de miseráveis folhas ressequidas sem futuro, nem desenvolvimento. As restantes estão irremediavelmente secas e mortas! Ou parecem. Fui saber. Quem sabe explicou-me.
Primeiro, naquele sítio, com aquelas condições de clima e temperatura, com o sal marinho, o vento e a humidade (a salsugem), só um milagre faria florir e crescer as cerejeiras. Houve quem alertasse, na altura, mas as opiniões científicas foram consideradas cépticas e ignorantes.
Segundo, as plantas, quando chegaram do Japão, estiveram uns meses à espera de que a Alfândega as deixasse entrar!
É assim! Não se aprende nada!"

António Barreto in Retrato da Semana (Público, edição n.º 6643 de 8 de Junho de 2008)

sábado, junho 07, 2008

Mais árvores abatidas pela "Estradas de Portugal"

Final de tarde em Noudar

Após alguma falta de tempo nos últimos dias para actualizar o blogue, deixo as ligações para algumas notícias relacionadas com árvores:

- Mais árvores abatidas pela empresa Estradas de Portugal. Depois do recente abate de árvores na EN 349-3, entre Tomar e Torres Novas, seguiu-se um novo abate de árvores na zona de Tomar, desta feita ao longo da EN 110.

A pouco e pouco, esta empresa vai destruindo o importante património público, plantado nos tempos da empresa que a antecedeu. "Compreende-se" a lógica destes abates, pois é preferível, ou seja, "é mais rentável", cortar as árvores do que contratar técnicos ou adjudicar a empresas especializadas, a respectiva manutenção.
Um povo como o nosso, que sofre de tamanha "dendrofobia", não terá a empresa que merece?

- Do Ondas 3: o oposto de tudo isto, o oposto de todas as banalidades que justificam o corte de árvores no nosso país. Nos Estados Unidos, uma senhora foi multada em 100.000 dólares por ter mandado abater árvores públicas para melhorar as vistas da sua casa para o lago Tahoe.

- E passemos ao meu "adorado" programa HiperNatura... Contou-me o amigo Nelson Lima que, no Continente de Vila Real, as árvores já estão em "saldos", ou seja, de 2 € passaram para 0,75 €. Como ele pergunta (e bem), se todo o dinheiro obtido com a venda das árvores se destinava a financiar o programa HiperNatura, quem é que ficará a perder dinheiro? A Sonae ou o programa de requalificação de jardins?

- Artigo interessante do Expresso: energias renováveis "pressionam" os últimos redutos das florestas autóctones portuguesas.

- Os Amigos do Parque Ecológico do Funchal deslocaram-se hoje, dia 7 de Junho, ao Pico do Areeiro para uma acção do programa de reflorestação da área desertificada.

- Livros escolares em segunda mão para "poupar" árvores (e outros recursos).

- Do blogue Maria Pudim, a notícia relativa a um curso de etnobotânica, a decorrer no Mosteiro de Tibães (Braga), nos próximos dias 28 e 29 de Junho.

- O Presidente do Brasil, Lula da Silva, lançou o programa "1 bilhão de árvores para a Amazónia";

- Na passada quinta-feira, dia 5 de Junho (Dia do Ambiente), comemorou-se o 2º aniversário da classificação da Rua Gonçalo de Carvalho (em Porto Alegre) como Património, Cultural, Histórico, Ambiental e Ecológico desta cidade do Sul do Brasil. Este ano prestou-se ainda uma especial homenagem a Haeni Ficht, antigo líder do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, falecido poucos meses antes da classificação desta rua.