quinta-feira, setembro 20, 2007

A árvore de Sortelha

Lódão-bastardo (Celtis australis L.) - Sortelha
Poderá uma árvore ajudar a definir um lugar?

Um conjunto de casas que se confunde com o granito que as fez nascer, um largo e uma árvore*. Foi assim o retrato que lhe tirei da primeira vez e o mesmo que confirmo a cada regresso.

Sortelha é assim mas é também, em simultâneo, muito mais que não pode ser descrito em palavras. Mas o largo e a árvore serão sempre o princípio da viagem interior...
* Lódão-bastardo (Celtis australis L.)

Lódão-bastardo (Celtis australis L.) - Sortelha

5 comentários:

francisco t paiva disse...

Claro que uma árvore é um lugar. Sobretudo nos dias altos.

a d´almeida nunes disse...

Concordo plenamente. Como é que se pode perceber que haja um engenheiro/arquitecto paisagista que seja capaz de redesenhar um lugar, historicamente ligado ao verde, ao rio, às árvores, mudando o essencial. Há que cortar algumas árvores centenárias só porque não se encaixam no seu "boneco"!
Ora bolas! Será que este já não é o meu tempo? Será que estou maluco?
Ando muito confuso.
Um abraço
António Nunes

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Francisco e António,

Obrigado pelos comentários...

Em cada terra que visito acabo por, quase sempre, para além de reter um determinado edifício ou praça, identificar-me com uma árvore.

Apesar de tudo penso que a arquitectura tem hoje uma visão diferente da importância das árvores (se é que alguma vez desconsiderou a sua importância); claro que em todos os lados há fundamentalismos...e também temos que reconhecer que em determinados sítios, árvores de grande porte podem diminuir o impacto de uma obra arquitectónica...

Vejamos o caso do Terreiro do Paço em Lisboa...quando se fala na possível requalificação desse espaço fico triste quando se rejeita logo à partida a plantação de árvores; mas, com a mesma facilidade, reconheço que com a plantação de plátanos (por exemplo) a monumentalidade da praça seria posta em causa.
Resumindo: o que me leva aos arames é que neste país nunca, neste como noutros casos, parece haver abertura para discutir e ponderar soluções intermédias.

Mas penso que não deve haver essa oposição entre a arquitectura e as árvores; eu próprio quis ser arquitecto até aos 13/14 anos de idade e recolho prazer do "verde" e da "cidade"; ou seja, por exemplo, se algum dia for aos EUA farei questão de ir ver as sequóias mas também não me imagino a não ir ver Nova Iorque.

Para finalizar, precisamos de uma nova política de cidades no nosso país...que valorize a qualidade da arquitectura e o papel das árvores na cidade. E, sobre isto, melhor que ninguém poderá falar o Francisco...

Bom fim-de-semana.

francisco t paiva disse...

Nem a propósito, Pedro. A revista Arquitetura e Vida de Setembro publica (pp.76-81) um artigo de Ana Luísa Soares, Cristina Castel-Branco e Francisco Castro Rego intitulado "O Valor das Árvores na Cidade".

Quanto ao mais, alegra-me constatar a sua opinião sobre a relação entre a arquitectura e o meio, pois a valorização recíproca é possível.

Um abraço!

Pedro Nuno Teixeira Santos disse...

Francisco,

Obrigado pela dica; amanhã mesmo vou ver se compro a revista. abraço.