quarta-feira, janeiro 31, 2007

Transplante de palmeira no Lumiar

De uma leitora deste blogue chegou-me a seguinte notícia:

"Uma palmeira centenária de elevado valor patrimonial, e única na cidade de Lisboa, foi transplantada com sucesso pela Câmara Municipal de Lisboa, na zona do Lumiar, junto à Avenida Padre Cruz, por força das obras de conclusão do Eixo Norte-Sul.
Esta Phoenix dactylifera L. é um exemplar único pela sua dimensão e porte - 20 metros de altura - valor patrimonial extremamente elevado, mais de cem mil euros, e é também a única palmeira multicaule com 6 seis hastes existente na cidade.
A operação de “salvamento” de difícil execução e complexidade, iniciou-se com a poda e a amarração das hastes. O exemplar, com um peso de 63 toneladas, foi transplantado por uma grua de grande tonelagem para o mesmo ajardinado, junto à Avenida Padre Cruz, estando agora a salvo e fora do traçado do viaduto.
O sucesso total desta operação que teve a supervisão técnica do Departamento de Ambiente e Espaços Verdes terá a sua confirmação dentro de aproximadamente 5 anos."


In Newsletter "E-Pólen" - Ambiente e Espaços Verdes C. M. Lisboa (Dezembro 2006)


Fotografia propriedade da C. M. Lisboa

Resta-nos esperar que a história tenha um final feliz!... Para já fica registado que algumas autarquias, ainda que timidamente, começam a demonstrar algum respeito pelo respectivo património arbóreo.

Cabe-nos a nós, sociedade civil, não levantar a guarda e manter a pressão sobre os órgãos de decisão deste país.

Mais informações sobre a campanha "Um milhão de carvalhos..."

A partir da página na internet do CAAL (Clube de Actividades de Ar Livre) é possível aceder a mais informações sobre a campanha "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela", nomeadamente aqui.

Mais concretamente "clicando" no texto Boas Festas e um Óptimo 2007 para todos... e para os carvalhinhos e depois acedendo aos slides da apesentação é possível ver as áreas que estão a ser intervencionadas; noutras páginas é possível visualizar diversas fotografias desta iniciativa.

terça-feira, janeiro 30, 2007

Uma "guerra" para ser ganha

Folhas de carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.)


O título refere-se a declarações de José Veloso, dirigente do clube Ar Livre e a "guerra"em que este clube de Lisboa está envolvido é a iniciativa "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela".

Carvalhal de Quercus pyrenaica Willd. (Sanabria, Espanha)

Esta iniciativa teve na Segunda-feira passada mais um marco, com a plantação no troço superior do Vale do Zêzere, por parte de sapadores florestais de todo o país, de alguns milhares de árvores autóctones [carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.); tramazeira (Sorbus aucuparia L.) e vidoeiros (Betula alba L.)].

Retomando novamente as afirmações de José Veloso ao Diário XXI, concordo que o ICN deveria liderar iniciativas deste género mas, por outro lado, considero que um dos aspectos mais meritórios desta iniciativa é precisamente o facto de ter partido de sectores e associações da designada sociedade civil (nomeadamente dos Amigos da Serra da Estrela - ASE).

Este é, infelizmente, um aspecto que nos distingue pela negativa da restante Europa, a apatia da sociedade civil, a escassa mobilização das pessoas para a intervenção activa, sempre dependentes do Estado para (quase) tudo. Assim, penso que a mobilização de vários sectores que tem estado a ser feita é já uma batalha ganha.

Por outro lado, ela tem que ter continuidade no futuro, caso contrário não terá passado de um acto isolado sem reais efeitos, quer na mobilização das pessoas para a defesa da Serra da Estrela, quer na própria acção concreta de reflorestação. Neste aspecto, concordo com o José Maria Saraiva (ASE), nomeadamente quanto à necessidade de sermos moderados no optimismo acerca do êxito na germinação das sementes e das árvores que irão vingar.

Volto a defender a ideia de que era urgente e imperioso que a direcção do Parque Natural, a ASE e outras entidades com interesse na defesa da Serra da Estrela (como associações de produtores florestais) se reunissem com os pastores da serra. Estas reuniões deveriam servir para definir zonas de pastoreio e zonas de floresta e para prestar auxílio técnico em acções de renovação de pastos.

Sem esta congregação de esforços poderemos estar daqui a uns anos a chorar a perda destes carvalhos.

P.s.- penso que se deveria também retomar e dar continuidade ao trabalho da Associação de Produtores Florestais do Paul, na recuperação das populações de teixo (Taxus baccata L.) no Vale do Zêzere.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Pedagogias

Já o disse antes e volto a afirmá-lo, ninguém tem um comportamento 100 % correcto em questões de defesa do ambiente e a vida deve ser um processo de aprendizagem contínua...nesta como noutras matérias.

Eu não nasci a saber separar o lixo e também, como tantas pessoas, pensei durante muito tempo que as pessoas que podavam as árvores nas cidades sabiam o que faziam; até que alguém me ensinou "que não" e "porquê".


De bom grado, darei início ou ajudarei na divulgação de uma petição que ajude a combater a inércia reinante e tente por um travão às podas camarárias, mas sejamos realistas: lei nenhuma pode proteger todas as árvores e mesmo aquelas que estão já protegidas por lei (ao abrigo do interesse público) são muitas vezes vítimas da acção negligente do próprio Estado.

No entanto, nesta matéria, como em quase todas as que dizem respeito a questões ambientais, só se notará uma diferença significativa através da educação, nomeadamente das novas gerações. Talvez seja defeito de profissão mas ainda acredito nas virtudes da pedagogia.


Os portugueses não amam as árvores porque ninguém os ensinou a amá-las! E, pelo menos em parte, o amor pode ser ensinado.
E porque deveriam as pessoas amar as árvores, se desde pequenas as vêem arder nas florestas e condenadas ao raquitismo nas cidades por podas mal executadas (?)

É por isso que é nas escolas que, nesta como em tantas outras questões, se joga o futuro...Não quero abrir com este texto nenhum processo de intenções, nem que este assuma um tom inquisitorial ou fazer julgamentos públicos. No entanto, ninguém está acima da crítica construtiva; não tenho problemas em admitir que também eu, como cidadão e professor, podia fazer mais pelo ambiente e pelas árvores...


É por isso que, sem sobrancerias mas com humildade, apelo aos meus colegas, sobretudo aos professores de ciências, para evitarem a mutilação das árvores nas escolas portuguesas. Não se pode pregar a defesa das árvores dentro da sala de aula, inclusive comemorar o Dia da Árvore, e depois permitir que se faça, fora da sala, o que a seguir retrato com fotografias.


Tem que existir uma consequência entre a palavra e a acção. Como disse a Manuela Ramos no Dias sem Árvores:"...de pequenino se torce o pepino e as criancinhas "são obrigadas" a conviverem com este espectáculo desde os bancos da Escola. Não admira que mais tarde façam o que viram fazer. Uma tristeza."


Deixo a seguir algumas imagens (da Escola Básica e Secundária das Palmeiras, da Básica Pêro da Covilhã e ainda do Infantário da Stª. Casa da Misericórdia da Covilhã), não tanto numa óptica de julgamento público, mas sobretudo para que se reflicta e se comece a combater esta prática errada, de dentro para fora das escolas. Vamos começar hoje a mudar, obrigado.




















sábado, janeiro 27, 2007

Amor pelas árvores





A partir da página da Asociación Española de Arboricultura (AEA) descobri a iniciativa "Capital Europeia da Árvore", a qual, por decisão da AEA e do European Arboricultural Council (EAC), decorrerá este ano em Valência (ver aqui).



No ano 2000, a cidade de Valência assinou a Declaração dos Direitos da Árvore na Cidade como uma forma de compromisso com as árvores, já que estas cumprem um conjunto de funções essenciais nas cidades. É no seguimento deste contexto, que surgiu a decisão conjunta do EAC e da AEA, de atribuir a esta cidade espanhola o título de Capital Europeia da Árvore no presente ano.


Deste modo, a Consejalía del Área de Medio Ambiente y Desarrollo Sostenible y a Asociación Española de Arboricultura irão realizar, de 5 a 10 de Março de 2007, uma série de eventos que, na sua globalidade, farão de Valência a Capital Europeia da Árvore.
Chamo igualmente a atenção para a Declaração Europeia da Árvore, disponível no site desta iniciativa.

Para dar boas notícias como esta, vale sempre a pena interromper uma pausa de fim-de-semana!


P.s. - Não seria bom que por cá tivéssemos um pouco mais de amor e respeito pelas árvores? Não será este atraso em termos de cultura cívica, muito mais do que as diferenças relativas à economia, aquilo que verdadeiramente nos afasta da restante Europa?

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Bom (e gélido) fim-de-semana

Hoje não me apetece falar de coisas tristes, nem durante o fim-de-semana (a menos que um motivo de força maior, entenda-se, a turistrela ou qualquer poda camarária, me faça perder o bom humor).
Hoje tenho para partilhar as fotografias de mais dois Abetos de Douglas ou pseudotsugas (Pseudotsuga menziesii (Mirb.) Franco) existentes na Covilhã. Estas árvores, juntamente com os cedros, tuias, ciprestes ou mesmo as palmeiras, escapam (por norma) às podas radicais, motivo pelo qual, apesar de serem exóticas, tem aumentado a minha simpatia por vê-las plantadas nas cidades portuguesas.


Pseudotsuga no Sítio da Palmatória



Pseudotsuga na Rua D. Sancho I



Agasalhem-se e bom fim-de-semana!



quinta-feira, janeiro 25, 2007

Merecemos este país?

Já o disse e volto a afirmá-lo...a culpa de tudo aquilo que se passa na Torre e noutras zonas da Serra da Estrela (muito do qual tem sido denunciado por blogues como o Cântaro Zangado e o Estrela no seu melhor) deve-se à total passividade do Estado português.


Este tem que decidir, de uma vez por todas, se tem dinheiro, meios e vontade para proteger a Natureza e se tem força para fazer valer a lei. Se não tem ou não quer, mais vale assumi-lo sem rodeios e propor a retirada da Serra da Estrela como Área Protegida. Cada dia que passa, o Estado, através dos seus ministérios, direcções-gerais, institutos públicos (etc.) é responsável e conivente com a vergonha desta situação.


E, já agora, que o Parque Natural da Serra da Estrela não tenha meios (humanos e materiais) para fazer valer a lei é algo que me custa mas até compreendo...Não me peçam é para aceitar e compreender afirmações como as do seu director, Fernando Matos, (ao Correio da Manhã de ontem), em que atribuía a situação dos esgotos na Torre à queda de um poste! Por favor, não nos tomem por parvos!...




Poste? Mas que poste?! (foto do Estrela no seu melhor)




Do Kaminhos vem esta notícia assustadora, segundo a qual " Artur Costa Pais, presidente da concessionária do turismo na Serra da Estrela, revela que o projecto, apresentado à Câmara Municipal de Manteigas, prevê a edificação de 30 bungalows, sendo que cada um terá capacidade para seis camas. Segundo o responsável, o primeiro chalé, que servirá de modelo, deverá estar pronto em breve. Cada bungalow disponibilizará uma sala, uma kitchnet e duas casas-de-banho. Espera-se, assim, que, nos próximos dois anos, estejam ao dispor dos turistas um total de 180 camas nas imediações do Skiparque, onde actualmente apenas existe um parque de campismo."



Para quem não sabe do que se fala quando a turistrela fala de "chalés", deixo uma imagem dos que já foram construídos nas Penhas da Saúde...Sem mais comentários.

Foto do Cântaro Zangado




A quinta cercada




Sempre gostei desta quinta mas nunca soube o seu nome. Lembro-me dela quando ainda ficava nos arredores da cidade.





A cidade foi crescendo (e mal) e um dia emparedaram a quinta entre dois mamarrachos! Mantinha-se no entanto resistente, uma ilha no caos urbano, orgulhosa dos seus jardins, das tílias e das palmeiras. Até que um dia se rendeu...


quarta-feira, janeiro 24, 2007

Plantação de carvalhos na Serra da Estrela

Quercus pyrenaica Willd.

Uma leitora deste blogue fez-me chegar esta notícia do Diário XXI, relacionada com a campanha "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela".

Pobres áceres



[Juntamente com um conjunto de considerações sobre a poda de árvores ornamentais, deixo aqui várias fotografias de exemplares de Acer negundo L. (espécie originária da América do Norte) existentes na Covilhã e que mostram o estado absolutamente decrépito dos seus troncos; as fotografias são todas de árvores diferentes e poderia ter fotografado muitas mais como estas...]




Passo a transcrever a mensagem que o leitor deste blogue Ljma aqui deixou acerca do texto "Os dias tristes":

"O meu vizinho da frente, com quem me dou bem, tinha três grandes choupos (acho eu que eram choupos) à frente da casa dele. No Outono, enchiam-me os escoadouros das águas pluviais de folhas. Na Primavera, era a casa que ficava cheia de uma espécie de algodão. Eu gostava daquilo? Não. Aquilo obrigava-me a limpar mais frequentemente. Mas as vantagens de ter o sol do meio dia cortado pelas grandes copas ultrapassavam, de longe, as desvantagens das folhas e do "algodão". Mas o vizinho teve que cortar os choupos, porque, segundo disse (e eu acredito), as raizes das árvores lhe estavam a estragar a canalização. Foi pena. A rua ficou mais triste. "


Em primeiro lugar, queria saudar o espírito cívico do José e toda a ajuda que me tem dado na cruzada anti-podas e, em segundo lugar, reafirmar o que então lhe respondi, ou seja, que muitas destas situações resultam da falta de planeamento das câmaras:


- com frequência escolhem-se árvores que atingem facilmente um grande porte (e com grande desenvolvimento radicular), esquecendo a falta de espaço das sempre estreitas e acanhadas ruas das cidades portuguesas; bastaria, tão só, adequar a espécie a plantar ao espaço disponível para esta se desenvolver, deixando os choupos, as tílias ou os plátanos para zonas mais amplas, como os parques ou os jardins;



- em segundo lugar, muitas vezes também se planta um número exagerado de árvores e deixando pouco espaço entre as mesmas; daqui resulta que, passados alguns anos, o crescimento de umas começa a interferir com a copa das outras e depois...pois, já adivinharam, poda-se de forma radical! Bastaria plantar um menor número de exemplares e deixar que estes desenvolvessem as respectivas copas de forma natural...sem mutilações!

São questões básicas e que derivam da lusitana tradição de falta de planeamento.





Em relação ainda a estes choupos, duvido que esta poda tenha resolvido o problema (que era sobretudo ao nível das raízes), até porque estas podas debilitam as árvores dando origem a rebentos de grande fragilidade mecânica e permitem o desenvolvimento de ramos de forte crescimento vertical que crescem de uma forma desorganizada e muito mais densa.




Por último, acerca das alergias supostamente provocadas pelas árvores, quero relembrar o que aqui escrevi no texto "Salvem as árvores da minha cidade - Parte II":



"Há, por último, os que solicitam as podas porque as flores, o pólen, os frutos ou as sementes, lhes causam reacções alérgicas...vai daí, toca de podar! Excelente solução...excepto pelo facto de que a poda vai no ano seguinte aumentar a floração e, logo, a produção de frutos e sementes! Aliás, é por isso que as ditas "árvores de fruto" são podadas. Acrescento que, como é óbvio, tenho o maior respeito pelas pessoas alérgicas ao pólen das plantas, a minha mãe é aliás bastante alérgica ao pólen de uma planta que cresce vulgarmente nos muros das cidades e dos campos, a alfavaca-de-cobra (Parietaria sp.), e que lhe causa grandes transtornos de saúde.Aliás, algumas das plantas que causam maior número de alergias são as gramíneas, como os cereais, e não penso que se esteja a considerar a hipótese de deixar de plantar o trigo ou o centeio, com o qual fazemos o pão que comemos todos os dias! Além de que as pessoas tendem a esquecer que na base de muitas alergias estão precisamente muitas substâncias libertadas por várias indústrias e pelos automóveis! Mas é mais fácil descarregar nas árvores...as tais que nos fazem o favor de renovar o ar que respiramos."

Obrigatório...


...conhecer o livro sobre poda de árvores ornamentais, divulgado hoje no Dias com árvores e no Dias sem árvores.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Ainda há árvores...

...pelo menos até à próxima época da poda! Por isso, decidi escrever hoje um texto diferente, celebrando aquelas que ainda transbordam vida...como este carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd.), situado numa das rotundas de acesso à cidade (entre a Avenida da Universidade e a Rua Cidade do Fundão).



Trata-se do maior exemplar desta espécie que conheço dentro do perímetro urbano da Covilhã. Nos arredores da cidade verificou-se nos últimos anos um ligeiro aumento nas áreas de carvalhal (dada a regressão do pinheiro-bravo e do castanheiro), mas o avanço destas manchas de carvalhal autóctone tem contado com a oposição de dois inimigos poderosos: os incêndios e o que se lhes segue...o avanço imparável das mimosas (Acacia dealbata Link.).



segunda-feira, janeiro 22, 2007

ACUSO !

O Estado português por tolerar, a cada hora que passa, que a Torre (território pertencente à Rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa: “Planalto Central da Serra da Estrela” -actualmente integrada no Sítio “Serra da Estrela” - rede Natura 2000), esteja transformada numa lixeira:

- Toneladas de lixo recolhidas no último Verão (e mais que serão recolhidas, sempre por voluntários, no próximo!...)

- Veículos abandonados;

- Esgotos correndo a céu aberto, etc.



Isto já para não falar nas movimentações de solos e outros atropelos efectuados por uma entidade que tem um rosto: turistrela.



A cada segundo que passa, o Estado português está a tolerar o intolerável...BASTA! Há limites para com o desrespeito pela lei e pela legalidade.


Portugal é um Estado de direito? Não, não respondam, prefiro viver na ilusão!...



P.s. - Mais fotos e desenvolvimentos no Estrela no seu melhor.

Os dias tristes

Covilhã, cidade neve? Sim, talvez, antes deste aquecimento anómalo. Agora será mais apropriado chamar-lhe cidade triste, sem árvores, sem sombras...

Choupos, tílias, plátanos, áceres, são as vítimas do costume. A infâmia em forma de fotografias...



"Já fomos plátanos!" - Av. Frei Heitor Pinto



"Já fomos tílias!" - Cemitério Municipal

"Já fomos choupos!" - Rua Conde da Ericeira


"Já fomos tílias!" - Av. 25 de Abril


"Já fui um ácer!" - Av. 25 de Abril

domingo, janeiro 21, 2007

A ignomínia


Pegando no mote dos Dias sem árvores, diria também que "...Há todavia certos factos perante os quais é uma vergonha o silêncio". (José Duarte de Oliveira Júnior,1876)



Deixo aqui as fotos tiradas por mim na N230; de facto, estar ali, perante aquele crime, não é o mesmo que ver as fotografias a centenas de quilómetros...






Nada de que não estivesse à espera, é o mesmo todos os anos; entretanto, compreendi finalmente que as árvores que são poupadas resultam, não de um acto de arrependimento, mas tão só e apenas de garantir que em próximos anos haja ainda exemplares para decepar.


Queria aproveitar para dar os parabéns a muitos dos donos das casas que aparecem nestas fotografias, por terem ficado com uma mais ampla visão da Cova da Beira; espero é que percebam o que vem como consequência, ou seja, dada a orientação das casas, acabam de ganhar Verões ainda mais escaldantes que se traduzirão num aumento exponencial nos custos com a refrigeração das mesmas.



Queria também aproveitar para desfazer alguns mitos; é que estas árvores, ainda que transformadas em zombies, irão continuar a produzir folhas (bem menos é certo) que entopem sarjetas e ramos mais frágeis e que, por este motivo, com maior facilidade serão arrancados pelo vento e espalhados na estrada. Para evitar estes dois males, de uma próxima vez, peçam à Câmara para fazer a todas o que fizeram a esta...




De pouco consolo me serve saber que este não é um problema exclusivo da Covilhã, mas de todo o país, pois poucas são as autarquias que nutrem algum respeito pelo património arbóreo do seu concelho e entregam a sua gestão a técnicos habilitados para tal.
Eu acrescentaria mesmo, que este é um problema cultural extensivo a toda a Península Ibérica; já tive a oportunidade de observar situações escandalosas na vizinha Espanha (em Béjar, por exemplo) e o blogue catalão Amics arbres · Arbres amics denuncia, com alguma regularidade, este tipo de situações. Outra coisa bem diferente se passa no norte da Europa...



Por cá, volto a relembrar, que qualquer cidadão pode propor uma árvore ou um conjunto de árvores, como sendo de interesse público, bastando para tal enviar o máximo de informação (fotografias e localização exacta são imprescindíveis) sobre a(s) árvore(s) para a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (sugiro também a consulta do Portal do Cidadão).

E não se pode prendê-los?

Fotografia do blogue Estrela no seu melhor

Na sequência das inacreditáveis movimentações de neve e solo perpetradas pela turistrela (aqui), ficamos com os resultados das mesmas(aqui). São os tais impactos positivos de que fala a Região de Turismo...

Já agora, convinha lembrar ao Estado português, que estes crimes estão a ser levados a cabo num território que pertence à Rede de Reservas Biogenéticas do Conselho da Europa: “Planalto Central da Serra da Estrela” (área actualmente integrada no Sítio “Serra da Estrela” - rede Natura 2000).

Parecendo que não, esta classifcação deveria servir para alguma coisa...

sábado, janeiro 20, 2007

Boas notícias

Vista para o Vale Glaciar do Zêzere a partir da estrada para o Covão da Ponte, Agosto 2006

A Plataforma pelo Desenvolvimento Sustentável da Serra da Estrela (PDSSE) já está acessível através de um clique aqui e aqui.

Longa vida e muitos sucessos é o que vos desejo; a vossa luta é a minha luta!

Ácer-do-japão em Monchique


O leitor deste blogue, Nuno Martinho, enviou-me algumas fotos de um ácer que, com grande probabilidade, será um ácer-do-japão (Acer palmatum Thunb.), situado em Monchique.


O que chamou a atenção do Nuno em relação a este exemplar, não teve tanto a ver com as suas dimensões, mas sobretudo com a sua raridade (enquanto espécie ornamental) no Algarve.




Para a Primavera ficou agendada uma ida a Monchique para conhecer a árvore.

Figueira da Foz com mais sombras verdes

Segundo o "Público" (edição Centro) de ontem (19/01), o Movimento Parque Verde da Figueira da Foz lançou ontem uma petição dirigida ao presidente da autarquia, com o objectivo de proteger a zona do parque de campismo e do horto municipal daquela cidade. Os subscritores da petição solicitam que o local seja protegido no âmbito do Plano Director Municipal, o qual se encontra em fase de revisão.

A Sombra Verde já assinou...se quiserem ajudar basta assinar aqui.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Primeira pessoa do singular

Pinheiro-manso (Pinus pinea L.), Serralves


Eu sou pelas árvores e por quem ama as árvores;
Por quem vê a beleza no tronco carcomido
De um velho castanheiro centenário;
E por quem chora um plátano morto
Às mãos da ignorância assassina.

Eu sou pelo oxigénio e pelas folhas,
Pelas macieiras e pelas tartes de maçã,
Pelo Newton e pela lei da gravidade.

Eu sou pelas tílias em flor,
Por quem tem uma árvore preferida.
Pelos liquidâmbares no Outono
E por quem corre a pisar as suas folhas.

Eu sou pelas árvores...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Obrigado


Obrigado a todos os que subscreveram a minha revolta e têm ajudado a divulgar este crime público.

Aceito de bom grado a sugestão do Manuel Ramos e, perdoem-me a imodéstia, agradecia o envio do texto "Os miseráveis" via correio electrónico (utilizando o ícone do envelope que se visualiza na base desse texto, ao lado dos comentários), para o Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, utilizando as moradas:

carlos.pinto@cm-covilha.pt e info@cm-covilha.pt

A mesma poderá ser precedida de um texto como o seguinte (e aproveito uma vez mais a sugestão do Manel):

"Caro Senhor Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Acho que deveria ter em consideração o que este seu concidadão diz, no endereço electrónico http://sombra-verde.blogspot.com/, a propósito das podas drásticas realizadas no seu concelho."

Aproveito para dizer que continuarei a divulgar esta autêntica selvajaria perpetrada contra o património arbóreo do concelho da Covilhã, de todas as formas possíveis, nomeadamente através da internet e dos órgãos de comunicação social.

Quanto à petição que me têm sugerido, de bom grado darei início à mesma ou apoiarei de forma incondicional quem a inicie. No entanto, como considero que não a devo iniciar de ânimo leve, irei pedir alguns conselhos (nomedamente quanto aos objectivos da mesma), e prometo que logo a seguir à pausa do Carnaval haverá novidades sobre a mesma...

Até lá, ajudem-me a divulgar este caso e denunciem outros que conheçam, até porque (infelizmente) estas práticas são comuns por todo o país.

Obrigado.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Os miseráveis (carta aberta em forma de desabafo)

Chamo-me Pedro Nuno Teixeira Santos; tenho 33 anos e sou português; sou licenciado em Biologia e sou professor (e tenho orgulho nisso); não sou filiado em nenhum partido político, nem em nenhuma organização sindical; não estou ligado a interesses privados de qualquer espécie; as minhas ambições políticas são nulas.

Tenho um defeito: gosto de árvores e, já agora, da minha cidade!

Escrevo esta carta aberta porque estou cansado; cansado de escrever em jornais e em blogues; cansado de um país e de um povo que não tem a sensibilidade e a inteligência para defender o que é seu, isto é, o pouco património construído e natural que ainda nos resta...pobre povo, pobre país!Estou cansado de ver crimes por punir e de ver a passividade de quem não protesta.

Escrevo em memória de uns plátanos que foram assassinados...Que não haja meias palavras: a acção perpetrada contra os plátanos da N230 na Covilhã foi um acto criminoso, cobarde, de pura maldade e para o qual, nem a incompetência nem a ignorância, servem de atenuantes.Que não haja dúvidas: não há um único motivo científico, técnico, da razão conhecida dos homens, que justifique a barbárie perpetrada contra estes plátanos...não há um único!

Poderia, mais uma vez, recorrer aos argumentos de pessoas como o Professor Dr. Jorge Paiva, o arquitecto Gonçalo Ribeiro-Telles ou do Dr. Francisco Coimbra, pessoas de competência técnica inatacável nestas questões, mas é impossível fazer ver a razão a quem se recusa a escutar e a ver (o pior cego...)

Acaso estariam aquelas árvores doentes, em risco de tombar sobre a via pública pondo em risco vidas humanas e bens materiais? Onde estão então os relatórios técnicos que comprovem essa situação?Em lado nenhum...porque ainda que alguma das árvores em causa estivesse doente e a necessitar de uma intervenção, a Câmara Municipal da Covilhã ou qualquer das suas Juntas de Freguesia, não dispõe de técnicos habilitados para tal: nem para identificar as referidas doenças, nem para saber como proceder.

Então o que está por detrás destes actos? A conjugação de dois factores perigosos:

- o egoísmo ignóbil de pessoas que se julgam donas da via pública e que pressionam as Juntas de Freguesia e as Câmaras Municipais para podar as árvores, apenas porque estas lhes tapam as vistas de casa; ou porque, sabe-se lá, se sentem incomodados pelas folhas que caiem, talvez pelos dejectos dos pássaros, pelo pólen, pela sombra...eu sei lá por que estupidez mesquinha! Ou porque, pura e simplesmente, têm medo que estas lhes tombem em cima…(já agora, se eu pedir com jeitinho para fazerem uma “poda” destas na Torre de Santo António, também me fazem a vontade?)

- em segundo lugar, estas pessoas sabem que os órgãos autárquicos e os seus eleitos receiam perder um voto que seja; e as câmaras adoram passar a ideia de que zelam pela segurança das pessoas...Acresce um significativo número de funcionários que há que manter ocupados durante o Inverno.

Será necessário relembrar uma vez mais, que o interesse individual de um cidadão não se sobrepõe ao interesse colectivo e que uma das competências mais elementares das estruturas do estado, nomeadamente dos órgãos autárquicos, é a de defender o património colectivo, incluindo o património arbóreo de um concelho?

Será necessário relembrar uma vez mais, que para que uma autarquia defenda eficazmente a segurança dos seus cidadãos e dos seus bens deverá ter obrigatoriamente técnicos credenciados para tal? O que neste caso significa ter técnicos de arboricultura com a formação necessária, não bastando saber como funciona uma moto-serra ou saber podar uma macieira. Já agora, gostava de saber quais os critérios que levam à contratação deste pessoal? Não bastará já de “habilidosos”?

Eu não sei quem ordenou este acto escandaloso, se a Câmara Municipal ou alguma das suas Juntas de Freguesia, mas um crime foi perpetrado. Estou a 500 km de distância e sinto-me envergonhado com os poderes públicos da minha cidade e concelho! Faço por conter a revolta mas não é fácil...Eu tenho o senhor presidente da Câmara Municipal da Covilhã como um homem de bem, inteligente e sensível a estas questões e por isso, quero acreditar que sentirá a mesma revolta interior se por lá passar...e passar por lá não é o mesmo que ver fotografias a 500 km de distância!

Noutro país haveria repercussões e assumir de responsabilidades mas quanto a isso já perdi a ilusão; já vão sendo 33 anos de Portugal....

Senhor presidente, de que serve gastar dinheiro dos contribuintes para fazer novos espaços verdes e plantar árvores se, por outro lado, se mutilam e matam as já existentes? Se estão de consciência tranquila com o trabalho feito então que publicitem esta acção, chamem os órgãos de comunicação social e mostrem-lhes como tratam bem das árvores da cidade. Recolham toda a propaganda turística e façam novos folhetos recheados de fotografias destes plátanos decepados, decerto que irão impressionar positivamente todos os possíveis turistas que queiram vir à Covilhã...

Não vou pedir, como já o fiz no passado, que a autarquia contrate técnicos credenciados na área ou que delegue esses trabalhos em empresas especializadas...vou pedir apenas que nos poupem ao sofrimento de termos que imaginar, a cada ano que passa, quais as árvores que irão ser destruídas: podem-nas todas! De uma vez por todas...as do Jardim Municipal, do Monumento a Nossa Senhora da Conceição, os plátanos de Unhais e os da Estação dos comboios e as dos Penedos Altos...acabe-se logo com todas elas e, a mim, acabem-me com este sofrimento anual! Substituam-nas por árvores de plástico: não crescem e não gastam água!

Obrigado.

terça-feira, janeiro 16, 2007

Assassinos



Já tinha feito hoje referência a este assunto (através da Máfia da Cova) mas como também recebi da Cova Juliana as fotos tiradas por Pentsi, deixo aqui as provas do crime...aos assassinos (sem aspas) que fizeram este serviço, e sobretudo aos que ordenaram ou autorizaram, apetecia-me tratá-los por filhos da...(mas as mães com certeza que estarão inocentes!)






P.s. - Para quem não consegue localizar o local (e para os que não são da Covilhã) estes cadáveres de árvores situam-se na N230 entre a Covilhã e o Tortosendo. Agradecia que reenviassem este artigo via electrónica, para que em todo o lado se admire como os poderes públicos da Covilhã, eleitos pelo povo, tratam o património arbóreo desta cidade.